Estou com câncer, e agora

CÂNCER, O QUE VOCÊ SIGNIFICA?

Quem poderia imaginar que algum dia estaria passando por isso? O mundo desaba, o buraco no chão parece não ter fim. A insegurança invade os pensamentos, o medo te envolve de uma maneira tão grande... Que angústia sem fim!

Bom, passado o susto, começamos a pensar que esta doença nos transforma. Mudamos radicalmente nossa vida, nos superamos a cada dia, aceitamos de alguma forma estarmos passando por esta doença e começamos a lutar pela nossa vida. Clamamos a Deus pela cura, e o que era para alguns uma sentença de morte passa a ser uma luta: contra o câncer, contra nossos pensamentos, contra as probabilidades e contra os preconceitos.

tumor benigno maligno células
tumor benigno maligno células

Estou com câncer, e agora

Mas o que realmente é o Câncer?

Nossa explicação começa expondo o que acontece com nossas células: elas nascem, crescem se multiplicam e morrem, e assim continuamente. A célula do câncer nada mais é do que uma célula normal que se transforma e perde a capacidade de morrer e assim multiplica-se indefinidamente formando um aglomerado de células conhecida por tumor, que pode ser benigno ou maligno (câncer).

Você sabia, nem todos os casos de câncer precisam de Quimioterapia? Pois é, alguns têm somente indicação cirúrgica, outros somente de Radioterapia e, em alguns casos, o paciente precisará destes três tratamentos. Mas além desses três ainda podem ser utilizados outros tratamentos, como a Hormonioterapia e a Imunoterapia.

E quem determina qual tratamento será necessário? Seu médico, que vai considerar o tipo de câncer com o qual você foi diagnosticado e o estágio da doença, assim, vai escolher o tratamento mais adequado.

Normalmente quem passou por uma cirurgia e precisa fazer Quimioterapia só poderá fazer a primeira aplicação cerca de 1 mês depois, pois o organismo precisa se reabilitar da cirurgia. Alguns pacientes fazem primeiro Quimioterapia para só depois operar, porque em alguns casos é preciso reduzir o tamanho do tumor para facilitar ou diminuir o tamanho da cirurgia proporcionando um benefício maior ao paciente.

Estou com câncer, e agora

O que realmente assusta diante do Câncer?

O câncer pode aparecer por vários fatores: sedentarismo, alcoolismo, uso de entorpecentes, predisposição genética ou simplesmente surgir ao acaso.

A maioria das pessoas demonstra grandes preocupações com a doença. Ter medo que não haja cura, de não ter recursos, de perder o cabelo, de ter de fazer uma cirurgia, de ter metástases, de não suportar os efeitos colaterais dos tratamentos e até mesmo que o câncer apareça novamente, são os receios mais comuns. Então, não se preocupe, os seus medos são comuns a todos que receberam esse diagnóstico e ter medo é absolutamente normal, pois o desconhecido nos assusta.

ENTRETANTO, AINDA QUE NOSSO CORPO NÃO DÊ SINAIS DE QUE ALGO ESTÁ ERRADO, DEVEMOS ESTAR ATENTOS E PREVENIDOS! EXISTEM VÁRIOS TIPOS DE EXAMES PARA PREVENÇÃO DO CÂNCER QUE PODEM (E DEVEM) SER FEITOS ANUALMENTE:

Mas se o câncer for diagnosticado cedo, o índice de cura é muito, muito grande. Então, se algo não está certo com o nosso corpo precisamos logo procurar um médico e fazer os exames específicos, porque é exatamente aí que começa a cura do câncer!

  • Exame de sangue: onde o médico pode pedir os marcadores tumorais;

  • Ultrassom de abdômen total: serve para investigar possíveis cânceres de fígado, vesícula, pâncreas, rins, bexiga;

  • Ultrassom intravaginal: para investigar cânceres de útero, ovários, trompas, bexiga;

  • RX de tórax: para diagnosticar cânceres de pulmão, pleura e mediastino;

  • Mamografia a partir dos 35 anos e ultrassom de mama indicado para mulheres com menos de 35 anos: principais métodos para determinar a existência do câncer de mama;

  • Preventivo: essencial para diagnóstico precoce de câncer de colo de útero;

  • Toque retal: indispensável para combater o câncer de reto e próstata;

  • Fezes: para identificar algum foco de sangramento do esôfago, estômago e intestino;

  • Urina: para indicar eventual câncer em rins, ureteres e bexiga;

  • Exame clínico: para detectar câncer de pele, melanoma, entre outros.

Temos ainda à nossa disposição exames mais sofisticados como a cintilografia, a tomografia, a ressonância magnética e o Pet-Scan ou Pet-CT, que são usados para esclarecimento diagnóstico e para controle de resposta ao tratamento.

Estou com câncer, e agora

Estou com câncer. Será que conto?

Quando sabemos que estamos doentes ficamos fragilizados, queremos colo, palavras de afeto, de otimismo. Mas também queremos ser tratados como pessoas normais. Muitas vezes as pessoas nos olham com pena, como se a doença não tivesse cura, nos sentenciam à morte. Ficam espantados quando nos encontram nas ruas, e isso acaba prejudicando o tratamento.

O contar ou não contar às pessoas sobre sua doença é algo muito particular e sua decisão à respeito deve ser respeitada e entendida. Mas o que as pessoas não devem jamais fazer são comparações entre pessoas em tratamento com outras pessoas que passaram pela mesma doença, pois como já sabemos cada caso é um caso e cada um suporta diferentes efeitos decorrentes da Quimioterapia. Alguns medicamentos podem causar mais efeitos colaterais enquanto outros têm pouca ou nenhuma reação. Náuseas, perda de apetite e cansaço são os mais comuns. Diarreia ou intestino preso, insônia, aftas ou alguma infecção oportunista ocorrem mais raramente. Mas ter efeitos colaterais (fracos ou intensos) ou não ter efeitos colaterais depende do organismo de cada pessoa.

"penso só na cura"

"temos que ter força"

"foi um choque"

"fiquei sem chão"

"gosto de discrição"

"superação"

"por que comigo?"

"eu quero viver"

"transformação interior"

"eu tive medo"

"culturamente não tem cura"

"tenho fé"

"as pessoas me davam coragem"

"vou curar pelos meus filhos"

"impotência"

"escutar o médico e não o Google"

"ele pode ser vencido"

"medo da reincidência"

"por que não usa peruca"

abraço segurança fé carinho aconchego
abraço segurança fé carinho aconchego

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A assustadora Quimioterapia

Muitas pessoas imaginam que o tratamento de Quimioterapia é feito dentro de uma máquina; que só pode ser feito deitado; que dói. Outras pesquisam na internet ou já tiveram na família alguém que passou pelo tratamento e acabam tendo alguma noção do que vão enfrentar. Mas a expectativa do desconhecido é muito pior do que a realidade do tratamento.

Vamos às explicações. Não é o médico que aplica a Quimioterapia. Existe uma equipe multiprofissional. Começamos com o médico que faz a prescrição com o esquema de tratamento, que é passado para um farmacêutico (a), que faz a diluição do medicamento e que é passado para o enfermeiro (a) que é quem fará a aplicação para cada paciente. Junto dele temos o (a) técnico (a) de enfermagem que vai auxiliar no que for preciso durante a aplicação.

Tudo começa com o paciente chegando até sala de Quimioterapia. Ele (a) acomoda-se em uma poltrona confortável, então é instalado um soro fisiológico (que hidrata e mantém em bom estado a veia por onde vai entrar o medicamento). Na sequência o paciente recebe os remédios que o médico prescreveu para prevenir as náuseas, vômitos e eventuais reações alérgicas.

O medicamento chega à sala onde está o paciente já pronto e feito especialmente para o paciente que irá receber a Quimioterapia, ou seja, cada um recebe uma dosagem e combinação de remédios específica. Esse medicamento é colocado na veia do paciente, geralmente diluído em soro fisiológico. Enquanto recebe o medicamento, ou seja, durante a aplicação da Quimioterapia, o paciente está sempre sendo supervisionado pela equipe multiprofissional que ali está (farmacêutico, enfermeiro e técnico de enfermagem).

imunoterapia infusão cateter venoso
imunoterapia infusão cateter venoso

Pode também ser instalado um cateter permanente, ou seja, o médico vai puncionar uma veia mais profunda, que normalmente fica no peito, e ali vai deixar um reservatório em baixo da pele, então quando o paciente vier para fazer suas aplicações o enfermeiro não vai precisar puncionar uma veia no braço, ele vai puncionar o local onde está o reservatório e o paciente vai receber por ali sua medicação.

Ainda falando sobre Quimioterapia, temos um assunto muito comentado entre os pacientes, as chamadas ”Quimioterapia VermeIha" e “Quimioterapia Branca". Vamos entender exatamente o que isto significa?

Existem ainda os medicamentos orais (aqueles que são engolidos pelo paciente), menos utilizados porque são medicamentos mais novos e mais específicos para determinados tipos de tumores, mas que também podem causar efeitos colaterais.

Existem 2 principais tipos de medicamentos que possuem uma coloração avermelhada, que são a Doxorrubicina e a Epirrubicina. Elas são “temidas" por conta dos seus efeitos colaterais que para alguns pacientes é mais acentuado que para outros e pela queda do cabelo. Isso não significa que quem precisa tratar com este medicamento não vai obter a cura, é somente um remédio específico dentro do esquema de tratamento para algum determinado tipo de câncer.

Já a chamada “Quimioterapia Branca", engloba praticamente o restante dos medicamentos utilizados, entre eles a ciclofosfamida. Seus efeitos colaterais são menos temidos por serem medicamentos com uma menor toxicidade para o organismo. Mesmo assim, vários medicamentos deste grupo também podem ocasionar a queda do cabelo e efeitos colaterais.

quimioterapia branca vermelha medicamento
quimioterapia branca vermelha medicamento

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Onde tratar

O paciente deve tratar-se onde se sente melhor. Existem várias clínicas e hospitais especializados em Quimioterapia espalhadas pelo Brasil todo. Qualquer tratamento de Quimioterapia baseia-se em protocolos clínicos, ou seja, os procedimentos desenvolvidos a partir de evidências - atuais e consistentes - que auxiliam o médico a escolher o melhor e mais adequado tratamento, o que não só permite uma resolução mais rápida da enfermidade, mas também uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Esses protocolos são frutos de muitas pesquisas e são reconhecidos e seguidos nacional e internacionalmente. Então, se você tratar em Curitiba, São Paulo ou Pato Branco, terá os mesmos protocolos e o médico achará o que mais convém para seu caso.

Ainda ouvimos muitas pessoas com este (pré) conceito sobre tratar em cidades menores: elas acham que a cura só existe nos grandes centros! Pois bem, engana-se quem pensa assim porque o medicamento para cada tipo de câncer já estudado vai ser o mesmo. A grande vantagem em tratar-se na cidade na qual se mora, é ter um pouco mais de conforto, pois na maioria das vezes estar mais perto dos que amamos e com médicos conhecidos e, tal qual os médicos das grandes cidades, igualmente capacitados, o que facilita o contato médico/paciente e evita longas e exaustivas viagens.

É muito importante que o paciente sinta segurança e confiança na hora da escolha do local do tratamento. Isto torna muito mais tranquila a Quimioterapia. É preciso saber confiar ao médico a responsabilidade pelo tratamento da doença e não procurar por quaisquer curas sem comprovação científica, ou seja, aceita depois de muita, muita pesquisa.

Claro que as orações e a fé de cada um têm um impacto muito positivo na vida do paciente e sem dúvida alguma auxiliam muito no processo de cura ou recuperação. Mas não se deve nunca deixar de fazer uso dos medicamentos que fazem parte do protocolo clínico de cada tipo de câncer, para experimentar exclusivamente, os chamados tratamentos alternativos. A fé nos salva, mas nos salva se junto dela tomarmos os medicamentos necessários para a cura da doença.

Com fé, perseverança, amor e tratamento correto, a chance de cura é surpreendente!

onde tratar segurança aconchego
onde tratar segurança aconchego

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A palavra Câncer I Sentimentos & Expectativas

Câncer palavra forte, que nos faz sentir medo. Várias pessoas acreditam que simplesmente se pronunciar pode acabar atraindo a doença. Várias pessoas comparam a palavra câncer com a morte. Outras pessoas enfrentam um pouco melhor porque sabem que ele pode ser vencido.

A partir do momento que conseguimos pronunciar esta palavra tão pesada, começamos a aceitar a condição que nos encontramos e a partir disso enfrentamos a batalha para nossa cura. Precisamos falar mais sobre esta doença, pesquisar mais, fazer mais prevenções. É preciso estar à frente da doença para que ela não nos assuste tanto, para sabermos como devemos lidar com isso, porque câncer não é o fim, porque câncer tem cura. Precisamos vê-la de uma maneira diferente e encarar com mais força. Precisamos quebrar o tabu e acreditar que tudo é possível, especialmente quando se tem fé, esperança e confiança.

Durante as aplicações de Quimioterapia acabamos repensando nossas vidas e percebemos que acabamos dando valor para coisas não tão significativas. É nesse momento que nossa vontade de viver se realça. Aprendemos o quanto as pessoas são importantes na nossa vida e muitas vezes entendemos como é bom perdoar, pois o perdão cura nossa alma. Renovamos nossa fé em Deus, colocamos nossa família em primeiro plano. Temos medo sim, mas aprendemos no decorrer do tratamento com tantas trocas de experiências que metade da nossa cura depende de nós mesmos, da nossa fé e da nossa vontade de viver. Caímos, levantamos e seguimos em frente. Percebemos que “ter câncer” não é um bicho de sete cabeças. Aprendemos a importância de um atendimento humanizado, porque isso faz toda a diferença para nosso tratamento e, então, queremos (e devemos ter) o melhor atendimento.

Queremos pessoas competentes, alegres, doces, brincalhonas (mas sérias na hora que precisar) e que nos estendam a mão e nos escutem, porque não somos apenas mais um: somos únicos em nossas essências! A luta não é fácil, mas o estímulo é o que nos impulsiona a querer vencer, e esse estímulo vem do amor que temos pela vida, vem ao pensarmos em nossos filhos, vem da família, da fé e, mais do que tudo, vem da nossa imensa vontade de viver.

felicidade

paixão

união

esperança

amor

vontade

apoio

amizade

acreditar

alívio

alegria

mudança

liberdade

coragem

orgulho

Cartilha orientação ao paciente oncológico
Cartilha orientação ao paciente oncológico

Este estudo de caso foi realizado na Clínica Oncológica Oncovita, onde são realizadas as sessões de Quimioterapia e Hormonioterapia, sob a supervisão do Médico Oncologista Doutor André Luiz Bini, CRM 15231, que é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (em 1995), especialista em Cancerologia pelo Hospital Evangélico de Curitiba (em 1999), e que fez estágio no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center de Nova Yorque (em 2000).

A cartilha é resultado das conversas mantidas com os pacientes. Das dúvidas que eles tinham. Dos seus medos. Do que procuravam saber. E do que os mantinham vivos e cheios de esperança.

Por isso, eterna gratidão à Deus pela oportunidade de conhecer e de trabalhar de alguma forma com cada um deles, seres humanos incríveis! Com toda certeza mudou minha vida ao longo destes anos.

Por Suellen Fraccaro Cavalheiro Bini

Graduada em Administração pela Faculdade Mater Dei. Pós Graduada em Gestão de Pessoas pela Faculdade Mater Dei.

Administradora na Clínica Oncovita há dezesseis anos, tendo contato diário com os pacientes de Quimioterapia.